A proposta do Ministro das Finanças de actualização do PEC, no sentido da redução de 2,4 pontos percentuais do peso da despesa pública no PIB até 2013, é em grande medida sustentada na redução das prestações sociais, quer sejam estes de natureza contributiva (pensões, subsídio de desemprego, p.exº), quer sejam de natureza não contributiva. Num contexto já visível de contracção económica, estas medidas, terão profundos efeitos no mercado de trabalho, contribuindo para a diminuição do consumo das famílias, e, como tal, diminuindo a procura de trabalho por parte das empresas. No caso concreto da alteração das condições de acesso ao subsídio de desemprego, estas até poderiam induzir um crescimento do emprego, incentivando a procura de emprego dos desempregados, caso houvesse sinais firmes de crescimento económico. Porém, no actual contexto, o recente aumento do número de desempregados de longa duração sem direito ao subsídio de desemprego e a diminuição da população activa, são sinais evidentes que os principais efeitos destas medidas serão exclusivamente uma maior exposição dos grupos sociais mais vulneráveis à crise actual.
Neste contexto, não se compreende a total ausência, neste documento, de medidas activas de política de emprego, as quais, mais do que nunca, são agora indispensáveis para evitar que o país caia numa profunda crise social.